Protegendo firmware: segurança aprimorada em ARM Cortex-M4

A proteção de firmware é um tema cada vez mais relevante em projetos que envolvem microcontroladores ARM Cortex-M4Visão geral dos microcontroladores ARM Cortex-M4Visão geral dos microcontroladores ARM Cortex-M4Descubra os microcontroladores ARM Cortex-M4, que oferecem eficiência, controle em tempo real e recursos avançados para aplicações industriais, médicas e mais.. A possibilidade de acesso não autorizado ao código pode comprometer todo o desenvolvimento, seja por clonagem do produto ou pela injeção de malwares e rotinas mal-intencionadas. Neste tutorial, discutiremos as principais estratégias para garantir a segurança do firmware, contemplando tanto mecanismos de proteção física no microcontrolador quanto técnicas de criptografia para dificultar a engenharia reversa.

Motivação para Proteger o Firmware🔗

Quando falamos em proteger o firmware, buscamos garantir:

  • Confidencialidade: impedir que terceiros leiam ou repliquem o firmware para clonagem.
  • Integridade: dificultar que o firmware seja alterado sem autorização, inserindo comportamentos indesejados.
  • Disponibilidade: garantir que o firmware esteja sempre executável, mesmo sob tentativas de sabotagem.

Uma vez que o Cortex-M4Visão geral dos microcontroladores ARM Cortex-M4Visão geral dos microcontroladores ARM Cortex-M4Descubra os microcontroladores ARM Cortex-M4, que oferecem eficiência, controle em tempo real e recursos avançados para aplicações industriais, médicas e mais. costuma ser empregado em dispositivos críticos (como equipamentos médicos, sistemas de automação industrial e de consumo), a violação de firmware pode gerar problemas graves, incluindo questões de segurança do usuário e perdas financeiras para a empresa desenvolvedora.

Abordagens de Proteção no Nível de Hardware🔗

Muitos microcontroladores ARM Cortex-M4Visão geral dos microcontroladores ARM Cortex-M4Visão geral dos microcontroladores ARM Cortex-M4Descubra os microcontroladores ARM Cortex-M4, que oferecem eficiência, controle em tempo real e recursos avançados para aplicações industriais, médicas e mais. oferecem recursos nativos de segurança para dificultar ou mesmo impedir a leitura e a cópia do firmware armazenado em memória interna.

Bits de Proteção Contra Leitura (Read Protection)

Alguns fabricantes disponibilizam configurações onde é possível “bloquear” a região de memóriaGerenciamento seguro de memória e prevenção de acessos indevidosGerenciamento seguro de memória e prevenção de acessos indevidosAprenda a proteger dados críticos e evitar acessos indevidos em sistemas ARM Cortex-M4 utilizando boas práticas e MPU para gerenciamento seguro de memória. que contém o firmware. Assim, se alguém tentar usar uma interface de depuração ou programação para extrair o conteúdo, o microcontrolador irá simplesmente negar o acesso ou retornar leituras inválidas.

Em geral, esses bits de configuração podem ser ajustados via ferramentas específicas do fabricante. Eles tornam o microcontrolador opaco a leituras externas, o que já eleva consideravelmente a dificuldade de engenharia reversa.

Segmentação e Proteção de Memória

Dependendo do modelo de microcontrolador, é possível criar regiões de memóriaGerenciamento seguro de memória e prevenção de acessos indevidosGerenciamento seguro de memória e prevenção de acessos indevidosAprenda a proteger dados críticos e evitar acessos indevidos em sistemas ARM Cortex-M4 utilizando boas práticas e MPU para gerenciamento seguro de memória. com diferentes níveis de proteção, como:

  • Execução somente: permite que o código seja executado, mas não lido ou gravado.
  • Leitura e escrita restrita: regiões que só podem ser acessadas por determinados blocos do firmware ou em modos privilegiados.

Este tipo de segmentação é uma camada adicional de segurança que busca impedir acessos indevidos ao firmware.

Introdução à Criptografia em Firmware🔗

Embora a proteção física (via bits de proteção) seja valiosa, a criptografia do firmware tem ganhado destaque como uma forma mais robusta de defesa. A ideia central é:

1. Criptografar o firmware antes de gravá-lo no dispositivo, garantindo que, mesmo que se obtenha acesso aos dados brutos, o código permaneça ilegível.

2. Descriptografar apenas quando o firmware for efetivamente executado pelo microcontrolador.

A escolha de algoritmos e modos de operação impacta diretamente a segurança e a performance do sistema. Em ambientes de microcontrolador, o equilíbrio entre custo computacional e nível de proteção é crucial.

Criptografia Simétrica

Na criptografia simétricaImplementando criptografia básica e segurança de dados no Cortex-M4Implementando criptografia básica e segurança de dados no Cortex-M4Descubra como implementar criptografia AES, RSA e ECC em microcontroladores ARM Cortex-M4, garantindo proteção de dados em repouso e em trânsito., a mesma chave que cifra também decifra o firmware. Um dos algoritmos mais usados é o AES (Advanced Encryption StandardImplementando criptografia básica e segurança de dados no Cortex-M4Implementando criptografia básica e segurança de dados no Cortex-M4Descubra como implementar criptografia AES, RSA e ECC em microcontroladores ARM Cortex-M4, garantindo proteção de dados em repouso e em trânsito.).

Criptografia Assimétrica

Já a criptografia assimétricaImplementando criptografia básica e segurança de dados no Cortex-M4Implementando criptografia básica e segurança de dados no Cortex-M4Descubra como implementar criptografia AES, RSA e ECC em microcontroladores ARM Cortex-M4, garantindo proteção de dados em repouso e em trânsito. se baseia em um par de chaves (pública e privada). Exemplos incluem RSA e ECDSA (baseado em curvas elípticas). Contudo, em dispositivos Cortex-M4Visão geral dos microcontroladores ARM Cortex-M4Visão geral dos microcontroladores ARM Cortex-M4Descubra os microcontroladores ARM Cortex-M4, que oferecem eficiência, controle em tempo real e recursos avançados para aplicações industriais, médicas e mais. comuns, pode haver limitações de performance e espaço de memória para algoritmos assimétricos de maior complexidade.

  • Vantagens:
    • A chave pública pode ser embarcada no firmware, enquanto a chave privada fica segura em outro local (por exemplo, durante a compilação ou em um servidor).
    • Maior flexibilidade para atualizações seguras.
  • Desafios:
    • Maior consumo de recursos de CPU e memória.
    • Tempo de execução maior para operações de cifra e decifra.

Armazenamento Seguro de Chaves🔗

Independentemente do tipo de criptografia escolhido, um ponto crítico é onde e como armazenar as chaves de forma segura. Algumas estratégias incluem:

1. Bloco de memória OTP (One-Time Programmable) disponível em alguns microcontroladores.

2. Hardware Security Modules (HSM) ou blocos de segurança dedicados, quando oferecidos pelo fabricante.

3. Fragmentação e ofuscação: dividir a chave em múltiplas partes armazenadas em locais diferentes da memória, cada segmento ofuscado por uma rotina distinta.

Sempre que possível, recomenda-se evitar armazenar as chaves em texto puro na memória flash do microcontrolador. Adotar uma combinação de ofuscação e recursos físicos de proteção aumenta a segurança.

Medidas Adicionais de Segurança🔗

Ofuscação de Firmware

Além da criptografia, a ofuscação de trechos do código ou de variáveis críticas pode dificultar a engenharia reversa. É uma camada extra, pois não oferece a mesma efetividade que algoritmos criptográficos, mas pode desmotivar ataques menos sofisticados.

Autenticação de Firmware em Tempo de Execução

Uma abordagem complementar é que o próprio firmware contenha mecanismos de verificação interna, conferindo se determinadas rotinas ou dados confidenciais não foram alterados. Essa checagem pode incluir:

  • Comparações de hashes de partes do código.
  • Cálculo periódico de somas de verificação (checksums).

Embora essas técnicas de verificação mais profunda possam remeter a outras linhas de proteção, elas se sobrepõem à estratégia de criptografia para elevar o patamar de segurança do sistema.

Restrições de Depuração

Em muitos produtos, busca-se restringir ou desabilitar o acesso via interfaces de debug (por exemplo, JTAG ou SWD). Dessa forma, depois de programado e validado, o firmware não pode ser lido através do conector de depuraçãoDebug e programação utilizando ST-Link e J-LinkDebug e programação utilizando ST-Link e J-LinkAprenda técnicas essenciais para programar e depurar microcontroladores ARM Cortex-M4 utilizando ferramentas ST-Link e J-Link. Confira o tutorial., minimizando riscos de extração.

Planejando a Implementação de Segurança🔗

A adoção de segurança no firmware requer planejamento desde o início do projeto. Abaixo está um esboço que pode ajudar no desenho de uma estratégia consistente:

EtapaDescrição
1. Mapeamento de RequisitosDefinir níveis de confidencialidade, perigos potenciais e custo
2. Análise de HardwareVerificar recursos nativos: bits de proteção, memória segura
3. Escolha de AlgoritmoSelecionar criptografia simétrica ou assimétrica (ou ambas)
4. Provisão de ChavesPlanejar como gerar, distribuir e armazenar as chaves
5. Teste e ValidaçãoConferir se a implementação atende aos requisitos
É importante analisar o impacto no desempenho do microcontrolador e no tamanho do firmware, garantindo que as rotinas de criptografia não prejudiquem as funcionalidades principais do projeto.

Conclusão🔗

Proteger o firmware em um microcontrolador ARM Cortex-M4Visão geral dos microcontroladores ARM Cortex-M4Visão geral dos microcontroladores ARM Cortex-M4Descubra os microcontroladores ARM Cortex-M4, que oferecem eficiência, controle em tempo real e recursos avançados para aplicações industriais, médicas e mais. não é apenas uma questão de evitar clonagem, mas também de assegurar a confiabilidadeMelhores práticas de proteção contra falhas e uso de watchdog timersMelhores práticas de proteção contra falhas e uso de watchdog timersSaiba como implementar watchdog timers em ARM Cortex-M4 para garantir reinicializações seguras, confiabilidade e robustez em sistemas críticos. e preservar a propriedade intelectual do projeto. O uso combinado de recursos de proteção no nível de hardware, criptografia de firmware e boas práticas de desenvolvimento pode oferecer um elevado grau de segurança contra ataques e tentativas de engenharia reversa.

Estratégias como configuração dos bits de proteção, criptografia simétricaImplementando criptografia básica e segurança de dados no Cortex-M4Implementando criptografia básica e segurança de dados no Cortex-M4Descubra como implementar criptografia AES, RSA e ECC em microcontroladores ARM Cortex-M4, garantindo proteção de dados em repouso e em trânsito. ou assimétrica e armazenamento seguro de chaves não garantem a inviolabilidade absoluta, mas tornam os ataques significativamente mais complexos. Ao mesmo tempo, cada camada de defesa precisa ser cuidadosamente implementada e testada para não introduzir brechas de segurança ou comprometer o desempenhoDiferenças entre dispositivos com e sem FPU (Floating Point Unit)Diferenças entre dispositivos com e sem FPU (Floating Point Unit)Descubra como a presença ou ausência da FPU em microcontroladores ARM Cortex-M4 afeta desempenho, consumo e desenvolvimento de firmware. do sistema embarcado.

Em última análise, o objetivo é projetar sistemas resilientes que combinem praticidade de uso, eficiência computacional e elevado nível de segurança, protegendo tanto o produto final quanto os usuários que dele dependem.

Autor: Marcelo V. Souza - Engenheiro de Sistemas e Entusiasta em IoT e Desenvolvimento de Software, com foco em inovação tecnológica.

Referências🔗

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